28.6.08

"Desista da Arte/Salve os Famintos" - Tony Lowes

Este blog apesar de não parecer, é essencialmente sobre ARTE. O texto a seguir diz o contrário: "Desista da arte". Segundo Tony Lowes o homem deveria preocupar-se em salvar os famintos - que não são poucos - em vez de dar tanta atenção à arte.
Hoje, com esta arte pós-moderna, plástica, suja e morta; eu provavelmente concordaria com ele... mas o homem não pode desistir da arte, ela é a essência do que ele é feito, se há alguma alma humana, esta se chama 'Arte'.
O que deve-se abolir é sim a especulação artística, assim como os falsos artistas. Para cada arte há um dom, e apenas os verdadeiros o percebem.
Não sou socialista mas vejo num plano econômico mudanças extremas no mundo. A desigualdade social é gigantesca, e o capitalismo é apenas a libertação dos demônios da ambição.
Leiam o texto, e tirem suas conclusões.

Ahhh, e o quadro é de Van Gogh.. o mesmo que ajudou os pobres enquanto estava na Igreja de seu pai, que depois percebeu que o melhor meio de ajudar a humanidade seria pintando.

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"Desista da Arte/Salve os Famintos"

Ver e criar uma imagem são a mesma atividade. Aqueles que criam a arte também estão criando os famintos. Nosso mundo é uma ilusão coletiva.
É uma grande ironia que o mito do artista celebre o sofrimento, enquanto são aqueles que nunca ouviram falar de arte, aqueles sofredores famintos na seca e com doenças endêmicas, que são os verdadeiros pobres e infelizes do nosso mundo. E nessa perversão do que foi um dia uma busca religiosa, os artistas de hoje negam ser mais do que trabalhadores, negam a arte em si, e então se mobilizam para apagar para o homem a luz que existe dentro dele.
A arte é agora definida pela elite autoperpetuante para ser comercializada como uma mercadoria internacional, um investimento seguro para os ricos que têm tudo. Mas chamar um homem de artista é negar a outro um dom igual de visão; e negar a todos os homens a igualdade é reforçar a injustiça, a repressão e a fome.
Tudo o que é aprendido é alienígena. Nossa história é construida a partir da herança de homens que aprenderam somente a substituir um conceito por outro. Nós lutamos para agarrar o que não sabemos, quando nossos problemas não serão resolvidos por novas informações, mas pelo entendimento do que o homem já sabe. É hora de reexaminar a natureza do pensamento,
Ficções ocupam nossa mente e a arte tornou-se um produto, porque acreditamos que nós e o nosso mundo não somos suscetíveis a mudanças fundamentais. Então, escapamos para a arte. É a nossa habilidade de transformar esse mundo, de controlar nossa consciência, que está secando na videira.
Precisamos controlar nossas próprias mentes, comportamo-nos como se a revolução já tivesse acontecido. Píntar todos os quadros de preto e celebrar a arte morta. Estamos vivendo num baile de máscaras: o que pensamos ser a nossa identidade é um jogo de noções recebidas pelo sistema educacional, preconcepções que nos prendem à história. A crença em nossa própria identidade gera tristeza sem fim: nosso isolamento, nossa alienação e nossa crença de que a vida de outro homem é mais interessante que a nossa.
É somente através da valorização igualitária de todo o mundo que qualquer um de nós encontrará a liberação. Um fim para a história é nossa exigência de direito. Continuar a produzir arte é ficarmos viciados em nossa própria repressão. A recusa da criação é a única alternativa para aqueles que querem mudar o mundo. Desista da arte. Salve os famintos.