31.8.08

Sonny Terry & Brownie McGhee - Stranger Blues



link: youtube.com/watch?v=bZrWHo0ZQCM&feature=related

Breve história:

Sonny Terry nasceu em Greensboro, Georgia em 24 de outubro de 1911, e faleceu em 11 de março de 1986 em Mineola, Nova Iorque. Ele era mais conhecido por seu estilo enérgico de tocar blues que freqüentemente incluía vocais Ups e hollers, e imitações de comboios e raposas.
Seu pai, um agricultor, lhe ensinou a tocar blues. Mas Sonny Terry sofreu acidentes e acabou ficando cego, consequentemente não podendo continuar trabalhando na agricultura. Precisava de uma maneira de ganhar a vida, e foi forçado a tocar na rua e em cidades vizinhas. Ele começou a tocar em Shelby, Carolina do Norte. Depois que o seu pai morreu ele começou a brincar com o guitarrista Blind Boy Fuller. Fuller morreu, e então ele estabeleceu um relacionamento de longa data musical com Brownie McGhee, e registraram inúmeras trilhas juntos. O dueto se tornou bem conhecido, mesmo entre a elite branca, uma vez que aderiram ao crescente movimento popular da década de 1950 e 60. Isso incluiu colaborações com Woody Guthrie e Moses Asch, produzindo Folkways Records (agora Smithsonian / Folkways) clássico gravações.


link do post com Blind Boy Fuller:
http://obarcobebado.blogspot.com/2008/06/blind-boy-fuller-sonny-terry-harmonic.html
link do download:
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29.8.08

Chico Buarque - Construção



01. Deus lhe Pague
02. Cotidiano
03. Desalento
04. Construção
05. Cordão
06. Olha Maria
07. Samba de Orly
08. Valsinha
09. Minha História (Gesubambino)
10. Acalanto

Clique AQUI para o download no rapidshare!

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Sobre Francisco Buarque de Hollanda (1944)

(Rio de Janeiro RJ 1944). Autor e compositor. Escreve peças que marcam fases expressivas do teatro brasileiro, como Roda Viva, Gota d'Água, A Ópera do Malandro, e compõe músicas e trilhas de muitos espetáculos.

Surge no panorama teatral em 1965, quando ainda estuda arquitetura em São Paulo, assinando a antológica música de Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, na montagem do Teatro da Universidade Católica, TUCA. As canções, que viraram clássicos nacionais, contribuem para a intensa emoção do espetáculo, e trazem, através do sopro de poesia e inconformismo social das letras, e da áspera atmosfera das melodias, um acento novo para o acervo musical do teatro brasileiro. Chico Buarque volta a sacudir o ambiente teatral em 1968, com a sua estréia como dramaturgo: Roda Viva. A ingênua fábula sobre a fabricação de um ídolo dos meios de comunicação de massa desperta a atenção mais pelo fato de ele já ser um compositor de destaque na música popular do que por suas qualidades dramatúrgicas. Mas o que torna Roda Viva um espetáculo polêmico e histórico, é a direção de José Celso Martinez Corrêa, que usa a peça como pretexto para a construção de um espetáculo-manifesto chamado de teatro de agressão. Chico apóia a livre criação do diretor, que ofusca o texto pela invenção cênica. Mas o compositor e letrista cria para Roda Viva algumas canções primorosas, que permanecem na ponta da língua dos seus admiradores. Calabar, escrito com Ruy Guerra, é alvo de outro tipo de polêmica: pela ousadia da tentativa de reabilitar, ou pelo menos humanizar, uma figura que a história oficial optou por condenar como traidor, o texto é proibido pela Censura, surpreendendo a Companhia Othon Bastos, produtora do espetáculo, às vésperas da estréia, em 1973. Quando, em 1980, a montagem se torna afinal possível, a peça soa algo defasada do contexto da nova realidade do país. Mais uma vez, as canções escritas por Chico pairam por cima da polêmica despertada pelo texto. Gota d'Água, em parceria com Paulo Pontes, a partir de uma idéia de Oduvaldo Vianna Filho, encenação de Gianni Ratto, 1975, firma-o como dramaturgo, premiado com o Molière e o MEC/Troféu Mambembe. Dessa vez, não se trata de um musical, mas de um drama poético em versos, com algumas canções. Nessa modernização do tema de Medéia, de Eurípides, combinada com uma aguda visão crítica do processo de exploração de uma humilde comunidade popular por um "tubarão" da especulação imobiliária, Chico confirma os seus dons de poeta e sua sintonia com o lirismo da alma brasileira. A peça alcança enorme êxito, sendo apresentada pelo Brasil afora; é também montada na Cidade do México, em 1980. Ela integra hoje o grupo dos clássicos da dramaturgia brasileira. Em A Ópera do Malandro, 1978, inspirada na A Ópera dos Três Vinténs, de Bertolt Brecht, e com ação localizada nos meios cariocas da contravenção e malandragem dos anos 40, Chico volta à fórmula do musical. A peça, dirigida por Luis Antônio Martinez Corrêa, tem um volume de pesquisa histórica, um estilo literário e um enredo de alta qualidade; mas não consegue se dissociar da obra-prima de Brecht. Chico recebe novamente os Prêmios Molière e MEC/Troféu Mambembe. Mais uma vez, várias canções escritas para a peça levantam um vôo autônomo rumo à consagração. O acervo dramatúrgico de Chico inclui também o texto (além da música) de Geni, 1980, escrito em parceria com o diretor José Possi Neto sobre roteiro de Marilena Ansaldi, sob encomenda para um solo da atriz. Ele compõe também canções e/ou escreve letras para várias obras de outros autores, merecendo destaque as suas músicas para As Mulheres de Atenas, 1977; e Murro em Ponta de Faca, 1978, ambas com direção de Paulo José, e suas letras para O Corsário do Rei, 1985, todos textos de Augusto Boal, e ainda para Os Inimigos, de Máximo Gorki, em 1966; bem como as letras (com Dias Gomes) e músicas (com Francis Hime) de O Rei de Ramos, 1979, de Dias Gomes, encenação de Flávio Rangel, bem como as de Suburbano Coração, 1989, texto e direção de Naum Alves de Souza.

Chico Buarque tem também uma obra para crianças, Os Saltimbancos, montada em 1977, com direção de Antônio Pedro. Na adaptação do texto original de Luiz Enriquez e Sérgio Bardotti, ele, mais do que criar músicas, reforça o cunho político, fazendo dos animais a metáfora dos operários que escapam do sistema assalariado para fundar uma comunidade. Anos mais tarde, na versão para o cinema estrelada por Renato Aragão - Os Saltimbancos Trapalhões - Chico aproveita para abordar a situação do artista circense e do artista de rua.

Em sua Pequena Enciclopédia do Teatro Brasileiro, Yan Michalski avalia a contribuição de Chico Buarque para a cena nacional: "É difícil dissociar a trajetória de Chico Buarque como dramaturgo e compositor especificamente teatral do seu perfil mais amplo como músico, poeta e personalidade pública visceralmente engajada nas lutas por uma sociedade melhor. Por indiscutível que seja a posição de Gota d'Água na moderna dramaturgia brasileira, por interessantes e poeticamente densas que sejam as suas músicas originalmente escritas para servir de suporte a obras cênicas, a importância maior da contribuição teatral de Chico reside na sua intrínseca coerência com a contribuição global que essa singular personalidade vem trazendo, através da sua excepcional sensibilidade poética, ética e ideológica, para a vida cultural do país".1*

Notas

1*. MICHALSKI, Yan. Chico Buarque. In: ______. Pequena enciclopédia do teatro brasileiro contemporâneo. Rio de Janeiro, 1989. Material inédito, elaborado em projeto para o CNPq.

28.8.08

Balance - 1989 (Wolfgang Lauensten, Cristoph Lauensten)



Link: http://www.youtube.com/watch?v=IAXTM-m_56k

27.8.08

Rocha e Caetano



Glauber fala tudo. Passo-lhe a palavra.

18.8.08

Woodstock Nation part 19 - With David Peel



David Peel e the Lower East Side. Rolf Lake cantando Ripple.

The Climax Chicago Blues Band


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Lynyrd Skynyrd - Poison Whiskey



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Tudo começou em Jacksonville, Flórida, quando Ronnie Van Zant – então com 16 anos – juntou alguns colegas de escola e fundou o Noble Five. Deste embrião participavam Gary Rossington e Allen Collins, a futura turbina de guitarras do LS. Enquanto matavam aulas para beber e fazer Rock ’n’ Roll, os cabeludos do NF eram perseguidos pelo seu professor de educação física – Leonard Skinner – que os suspendia seguidamente. Em "homenagem" ao professor, deram um show uma vez usando o seu nome, e a resposta foi tão boa que a banda resolveu adotar o nome Lynyrd Skynyrd.

Em 1971 mudaram-se para Atlanta, Geórgia, a fim de se aproximar do movimento do Southern Rock, quando foram observados por Al Kooper, que prontamente se dispôs a produzi-los. Kooper ficou impressionado com o poder vocal de Van Zant e com uma música de Allen Collins, "Free Bird", que mais tarde se tornaria um hino do grupo. Em 1973, lançaram o primeiro álbum – "Pronounced’ lêh-nérd ‘skin-‘nérd" – tão bem recebido que foram convocados para abrir os shows da turnê do The Who pelos EUA. Tanto o álbum como seu principal sucesso, "Sweet Home Alabama", receberam disco de ouro.

Em 1974 lançaram seu 2º LP, "Second Helping", com a mesma mistura de country, blues e Hard Rock que os consagraria. Após o lançamento do 3º LP ("Nuthin’ Fancy"), o baterista Robert Burns sente cansaço e é substituído por Artymus Pyle. Em 1976 o grupo lança o ótimo "Gimme Back My Bullets", mas o guitarrista Ed King sai, para entrar em seu lugar o grande Steve Gaines. Nessa época também incorpora o line-up o trio vocal de apoio The Honkettes, onde canta Cassie Gaines, irmã de Steve. Com a nova formação, a banda lança o sensacional "One More From The Road", álbum duplo ao vivo platinado com uma antológica gravação de "Free Bird", clássica por unir lirismo e um furioso solo final de 6 minutos com 3 guitarras!

Em 07 de outubro de 1977, o LS lança "Street Survivor", que recebe disco de ouro. No dia 20 de outubro daquele ano, o Convair 240 turbo, privativo da banda, cai perto de uma floresta em McComb, Mississipi. Ronnie Van Zant, Steve Gaines, Cassie Gaines e o manager Dean Kilpatrick morrem instantaneamente. Os fãs ficam estarrecidos pela dimensão da tragédia e o grupo ganha uma notoriedade mundial nunca antes conquistada. Gary Rossington e Allen Collins montam em seguida a Rossington Collins Band junto com a vocalista Dale Krantz (futura esposa de Rossington) , e lançam dois álbuns de baixa repercussão. Aí Collins resolve montar sua Allen Collins Band mas sofre, em 1986, um traumático acidente de carro, no qual falece sua namorada e o deixa paralítico das pernas. Quatro anos mais tarde, morre de pneumonia.

Depois do acidente de avião o mundo do LS parecia resumir-se a coletâneas com gravações antigas e um disco-tributo ao vivo ("Southern by the Grace of God"), que conta com a participação especial de Steve Morse, Charlie Daniels, Jeff Carlisi e Donnie Van Zant (38º Special), subindo ao palco 5 guitarristas para tocar em "Free Bird". A formação do LS nesse show serviria de base para a banda lançar, em 1991, seu primeiro CD de estúdio com canções inéditas ("Lynyrd Skynyrd 1991"), já com Johnnie Van Zant, irmão de Ronnie, como vocalista oficial. Este CD marca a volta de Ed King, que forma o trio de guitarras com Rossington e Randall Hall (ex-Allen Collins Band). Seguiram-se "The Last Rebel" (93) e "Endangered Species" (94), ambos de estúdio.

É preciso dizer que sem Allen Collins e Steve Gaines as guitarras do LS nunca mais tiveram a mesma força. Apesar disso e do grande desnível vocal entre Johnny e Ronnie, o LS seguiu lotando estádios e quebrando recordes de audiência, tudo em cima do nome consagrado. Para comprovar o entusiasmo das apresentações ao vivo, foram lançados dois CDs duplos em seguida – "Southern Knights" e "Lyve From Steel Town". E para os saudosos de Ronnie Van Zant, foi reservado o lançamento, em 98, das gravações completas da primeira sessão no Muscle Shoals Studio, de 1971. Destas gravações fez parte o baterista Rickey Medlocke (inclusive cantando bonito na faixa White Dove), ex-Blackfoot, e que integra a atual formação do Skynyrd.

Em 1997 a banda lançou "Twenty" (alusivo ao aniversário de 20 anos do acidente aéreo) e bem recentemente "Edge of Forever". Assim como aconteceu com a morte de Duanne Allman em relação ao Allman Brothers, os fãs do Lynyrd Skynyrd preferem não pensar no sonho que acabou em 1977. Porém, mesmo lançando discos regularmente, o Lynyrd Skynyrd é hoje apenas um nome que dá muita saudade...

Várias bandas já tiveram 3 guitarristas em sua formação (Buffalo Springfield – ex de S. Stills e Neil Young, The Outlaws, New Riders of the Purple Sage, Quicksilver Messenger Service, Love, Groundhogs, e ao que tudo indica, o próximo Iron Maiden), mas nenhuma com 3 guitarras solo.

Apesar de ainda ser desconhecido de uma grande parte da comunidade do Rock, o Lynyrd Skynyrd tem 19 CDs lançados, uma 3CD–boxset e já vendeu mais de 30 milhões de álbuns até hoje.

O LS é um ícone nos States e a fama do clássico "Sweet Home Alabama" é tão grande que já virou cover de vários grupos pop e até foi citada num diálogo no filme Con Air, quando Nicholas Cage comenta "sutilmente", ao som da música, que espera que o avião em que estão também não caia...

O roadie Billy Powell foi efetivado como membro da banda após compor e tocar a introdução de Free Bird ao piano.


Por: Paulo Haroldo (http://whiplash.net/)

15.8.08

Neil Young - Time Fades Away



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David Peel - Have a Marijuana



David Peel é um músico nova-iorquino que gravou, nos anos 60, com músicos como Harold Black, Billy Jo White e Larry Adams, com quem tocou numa banda chamada "The Lower East Side Band". Através de sua música cru, "street rock" acústico com letras sobre maconha e "policiais ruins", no começo, bastante parecido com hippie, o som e os valores DIY ("Do-It-Yourself", lema que significa "Faça Você Mesmo") fez dele um importante músico de punk rock.

Ele já tocou com artistas desde B. B. King à até mesmo Plastic Ono Band. O músico John Lennon mencionou David Peel na música "New York City". Lennon e sua esposa Yoko Ono, consequentemente, produziu o terceiro álbum de David Peel: The Pope Smokes Dope. Bastante frustrado como a censura das grandes gravadoras, David Peel fundou a Orange Records apenas para lançar suas próprias gravações e também a de milhares de artistas independentes como: G.G. Allin & The Jabbers e Mozarts People. David Peel tem aparecido em vários filmes interpretando ele mesmo, incluindo "Please Stand By" (de 1974), "Rude Awakening" (de 1989) e "High Times Potluck" (de 2004).
(Fonte: wikipedia.com)

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14.8.08

Cash, Perkins e Lewis : The Survivors



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SENHA : zinhof

8.8.08

Os benefícios da educação Musical.

Viajantes do barco bêbado, talvez eu esteja escrevendo esta postagem por interesse próprio, mas acredito que o benefício é de todos. Para que não sabe sou multi instrumentista e apaixonado por música, portanto decidi esclarecer-vos e encorajá-los a entrar mais no universo musical essencialmente PRÁTICO!

Não conheço muito a teoria musical, ja estudei à muito tempo e toco tudo de ouvido, mas li muito sobre musicoterapia e toda a sua aplicabilidade na vida pessoal é muito proveitosa.

Estava lendo em alguns sites conclusões de estudos sobre os benefícios da música, e colocarei alguns pontos mais importantes, abrangendo todas as idades, crianças, jovens, e adultos. A educação musical:
- ajuda a melhorar o processamento das palavras, que pode ser de grande utilidade para ajudar crianças com dislexia ou outros problemas de leitura;
- colabora com o desenvolvimento do discurso e da linguagem(incorpora tom, ritmo e palavras);.
- ajuda a melhorar a capacidade do cérebro para diferenciar sons que mudam rapidamente, algo indispensável para compreender e utilizar a linguagem;
- produz auto-estima;
- a leitura musical ajuda a desenvolver capacidades matemáticas, de leitura e coordenação ("olhos-mãos");
- desenvolve a coordenação motora, e se o instrumento for de sopro, também desenvolve capacidades motoras orais;
- do piano, para crianças de 4 à 7 anos desenvolve raciocínio espacio-temporal;
- ouvir Mozart, para universitários também desenvolve raciocínio espacio-temporal;
- ajuda a desenvolver o cérebro;
- pode ser usada para fins não musicais, ajudando deficientes mentais a darem seu potencial máximo no aprendizado.

Música não tem idade, só requer estudo e dedicação. Encaminhe seu filho se possível dos 5 ou 6 anos de idade para uma escola de música, e acompanhe-o.

Boa música!

7.8.08

Cézanne - Vida simples, artista primoroso.

Mardi Gras (1888)
"-Cézanne ocupa um lugar máximo na história da arte. Não é, dentre seus grandes contemporâneos, o mais popular: Renoir, Monet, Van Gogh têm uma audiência maior. Porém, além de todos, Cézanne tem um lugar inabalável, tanto no seu papel histórico, quanto na qualidade altíssima e sem desníveis de sua produção: é assim uma espécie de Johann Sebastian Bach da pintura. Pouco reconhecido em seu tempo, viveu o suficiente, no entanto, para perceber que sua obra se impunha. Em 1895, o marchand Ambroise Vollard organizou a primeira grande exposição que o revelou aos contemporâneos. Foram artistas jovens, Émile Bernard ou Maurice Denis, que viram nele ao mesmo tempo um mestre e um precursor. Vieram as críticas perspicazes, inteligentes, poéticas de Gustave Geoffroy, Claude Roger Marx, Heine. Os colecionadores iniciais também ajudaram a confirmar a estatura do artista.
The Artist's Father (1866)
-Um dos problemas na abordagem de Cézanne é o fato de que ele não se insere no fluxo de um movimento (sua participação junto aos impressionistas é secundária) e de que ele se dispõe como articulação entre o século XIX (Courbet) e XX (cubistas); ou entre o romantismo de Delacroix e a serenidade de Poussin.
Girl at the Piano(1868-69)
-Sobretudo a relação com o cubismo, por mais valorizadora que seja, é um instrumento de perturbação para se perceber sua obra. Cézanne não pode ser reduzido ao papel de precursor: Cézanne é Cézanne, um pintor com soluções prodigiosamente novas e estáveis, para uma obra cujo princípio repousa na beleza de um equilíbrio que se descobre em cada quadro como novo problema a ser resolvido. Ele próprio certamente não gostaria dessa situação, temeroso que era de qualquer recuperação, de qualquer explicação que se encontrasse fora de seus próprios quadros.
-A pintura foi para Cézanne um trabalho de operário, um trabalho solitário, praticado quotidianamente, com esforço, com constância, e sem a efervescência da inspiração romântica. A arte, para ele, tinha o papel de uma missão exemplar: queria fazer quadros "que sejam uma lição", como escreveu. Quanto mais avançava em idade, mais suas telas tornavam-se frutos amadurecidos longamente pela reflexão. Submetia-se à natureza, mas para tratá-la como um jogo de tensões a ser exasperado até o equilíbrio mais alto.
-Sua vida correu no oposto dos dramas aventurosos, no oposto da trajetória de um van Gogh ou Gauguin. Nasceu e viveu na Provença, em Aix, teve poucas passagens por Paris e pela região da Île-de-France. Teve amizades fortes, mas que se rompiam com freqüência – o mais espetacular e radical sendo o corte que ele impôs às relações com Zola, seu colega de escola, quando este último publicou A obra, romance no qual Cézanne se reconheceu como o protagonista Claude Lantier. Poucas relações no quotidiano, família reduzida: esposa, filho, pais, irmã e cunhado. Suficientemente rico para viver de rendas, para não se preocupar com o pão de cada dia, não teve que lutar por sua carreira de pintor. Contentou-se em fazer o que queria, sem dar satisfações nem ao público, nem à crítica. Não participava dos ambientes intelectuais de sua época, não cultivava as mundanidades. Quando a notoriedade, bem tardia, começou, temia e evitava os importunos. Poucas confidências em matéria de arte, e muito menos em matéria pessoal.
-Sua vida não foi excepcional em nada: ela apoiava-se na rotina e na introspecção que ofereciam tranqüilidade para o trabalho artístico. Começou a se formar na Escola de Desenho municipal de Aix-en-Provence, freqüentava o museu da cidade. Foi para Paris, fez estudos de nus na Académie Suisse, que dispunha modelos para jovens artistas, sem um ensino efetivo. Sua arte, nesse momento, parte de Courbet, como testemunha o notável Negro Cipião, do Masp. Fascina-se pelos venezianos, por Delacroix, por Daumier. Entra em contato com os impressionistas. Desde 1863 tenta, sistematicamente, expor no Salão oficial, conseguindo ser aceito apenas uma única vez, com um retrato, em 1882.
-Os especialistas com freqüência divergem sobre os momentos e locais de execução de muitas telas. É difícil estabelecer uma evolução precisa; as divisões em períodos que os historiadores da arte praticaram são bastante grosseiras. A primeira época de sua obra, parisiense, que ele chamava de "peinture couillarde" (o que pode ser traduzido livremente por "pintura de bundão"), mostra uma pincelada violenta, empastada, trabalhada com a espátula, numa matéria pictural generosa, em que os negros são muito presentes, sem evitar os efeitos cromáticos contrastantes.
The Large Bathers (1900-05)
-Mas o trabalho vai se tornando cada vez mais reflexivo e lento (Cézanne submetia seus modelos à tortura de horas em imobilidade, e dezenas de sessões de pose). Clareia e ilumina sua paleta progresssivamente ("as sombras são azuis", dizia). Nos anos de 1880, percorre, a pé, muitos quilômetros diários no entorno de Aix-en-Provence consagrando-se sobretudo à pintura da montanha de Santa Vitória, enorme rochedo claro, que se destaca na terra vermelha. Com ela atinge o que se poderia chamar de um classicismo do equilíbrio. É com os retratos, com as naturezas-mortas e com a paisagem que esse domínio pictural se instala. Na consciência do pintor esse domínio, no entanto, nunca existiu. Pintar para ele sempre foi doloroso e frustrante. Pouco antes de morrer, em 1906, escreve a seu filho: "Enfim, eu te diria que me torno, como pintor, mais lúcido diante da natureza, mas que em mim, a realização das sensações é sempre muito penosa. Não consigo chegar à intensidade que se desenvolve diante dos meus sentidos, não tenho essa magnífica riqueza de coloração que anima a natureza". "

[Texto de: Jorge Coli é crítico de arte e professor de história da arte do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), da Unicamp.]