30.8.10

7 Livros que ferraram a Humanidade

Diretamente da página da revista SuperInteressante, com reportagem de Ana Carolina Prado, eis uma reportagem com uma matéria curiosa. Livros que ferraram a humanidade. Apesar do suporte de papel impresso ser nosso objeto de registro e conhecimento há milênios, o seu conteúdo inevitavelmente imortaliza-se junto da ideologia que carrega, influenciando eternamente aqueles que o lerem. Mas acreditando que o erro é parte do avanço, e que em real esse suposto progresso da nossa civilização, que nos permitiria apontar os erros do passado, é mais falho do que parece, deixo a lista com minhas ressalvas - principalmente sem ter lido as obras. Curioso também é o 'PS' da matéria, citando que livros 'mal-interpretados' como a Bíblia (e eu diria mais um monte) não estariam citados. Afinal pôr todos os livros que de certa forma mancharam a história da humanidade, seria quase impossível. Basta lembrar de Carl Sagan, e suas divagações sobre os geniais helenísticos, cujas idéias se perderam na Antiguidade e só foram revistas milênios depois, a exemplo o heliocentrismo - um dos pilares do Renascimento. Mas fiquemos com a notícia.

-------------------------------------------------------

1- “L’uomo delinqüente” (O homem delinquente), Cesare Lombroso, 1876

O médico e cientista italiano Cesare Lombroso defende, nesse livro, a teoria de que certas pessoas nasceram para ser criminosas e que isso é determinado por características físicas, como nariz adunco e testa fina, traços típicos dos judeus. A obra fez muito sucesso e influenciou o direito penal no mundo todo. Mas o problema maior foi que a obra também reforçou várias teorias racistas – principalmente o anti-semitismo nazista. O detalhe é que o próprio autor era judeu e sua intenção era simplesmente ajudar a ciência penal e jurídica. Atualmente, a teoria caiu no descrédito. Mas, mesmo assim, ainda há quem a defenda (sempre tem, né?).


2- “Mein Kampf” (Minha Luta), Adolf Hitler, 1925
O livro de Hitler tem, na verdade, 2 volumes. O primeiro foi escrito quando ele tinha 35 anos e estava preso por causa de uma tentativa de golpe de estado mal-sucedida. O segundo, inédito no Brasil, foi escrito já fora da prisão. O livro se destacou pelo racismo e anti-semitismo do autor, que via o judaísmo e o comunismo como grandes males e ameaças do mundo – o autor pretendia erradicar ambos da face da terra. A obra revela o desejo de transformar a Alemanha num novo tipo de Estado que abrigasse a raça pura ariana e que o tivesse como um líder de grandes poderes. Era um aviso para o mundo, mas na época ninguém de fora da Alemanha deu muita bola. Mein Kampf ainda hoje influencia os neonazistas.


3- “A inferioridade intelectual da mulher”, Carl Moebius, século 19. Sem tradução para o português.
Psicólogo influente em meados do século 19, Moebius escreveu esse livro seguindo idéias já bastante disseminadas desde a época de Platão e Aristóteles e defendia a inferioridade feminina e a restrição dos seus direitos. Usando pesquisas e tabelas pseudo-científicas, ele comparou o desempenho feminino em determinadas áreas intelectuais quando em disputa com homens (em um teste parecido com o vestibular de hoje). Pensadores antifeministas citavam essa obra para apoiar teses de que as mulheres não deveriam ter uma série de direitos por serem “inferiores intelectualmente”.


4- “O martelo das bruxas” ou “Malleus Maleficarum”, Jacob Sprenger, 1485

Manual de caça às bruxas que levou muita gente à fogueira, o livro foi muito influente entre as igrejas católica e protestante. Jacob Sprenger indicou uma série de procedimentos para a identificação das bruxas: se a mulher tivesse uma convivência maior com gatos, por exemplo, já era suspeita. A obra foi responsável por quase 150 anos de matança indiscriminada de mulheres. A onda só passou depois que o método científico começou a prevalecer sobre a crença religiosa cega, a partir da publicação dos estudos de Isaac Newton. Com o pessoal discutindo assuntos científicos, pegava mal ficar caçando bruxa.


5- “Essai sur l’inégalité des races humaines” (Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas), Joseph Gobineau, 1855

O livro do cientista social Gobineau virou referência obrigatória para aqueles que defendem a superioridade de algumas raças sobre as outras. O autor desempenhou por um bom tempo cargo diplomático na corte de D. Pedro II e achava o Brasil “uó” por ter tanta miscigenação. Segundo ele, a miscigenação degenera as sociedades porque piora as supostas limitações das raças inferiores (as não-brancas, para ele). A obra passou a ser usada para sustentar a legitimidade do tráfico negreiro. Sua tese foi tão aceita que até hoje existem alguns cientistas que mantém a crença na superioridade de algumas raças.


6- ” The Man Versus the State ” (O Indivíduo Contra o Estado), Herbert Spencer, 1884
Embora alguns digam que essa é uma leitura injusta do livro, ele foi utilizado para a defesa do capitalismo selvagem no século 19, principalmente nos EUA. Spencer defende que, assim como ocorre na natureza, nas sociedades humanas também prevalecem os mais aptos. Isso quer dizer que os ricos e poderosos são assim porque estão mais preparados que os pobres. O livro passou a ser usado, então, para justificar a falta de ética nas relações comerciais, com a destruição implacável da concorrência, a busca incessante por riquezas e o pouco caso com os pobres.


7- The Seduction of the Innocent (“A sedução dos inocentes”), Frederic Wertham, 1954

Ok que o livro não gerou nenhuma atrocidade, mas ajudou a disseminar ideias equivocadas a respeito de uma coisa que a gente gosta: quadrinhos. No livro, o psiquiatra alemão-americano Werthan forjou argumentos para atribuir às HQs o papel de culpadas por casos de delinquência, abandono dos estudos e homossexualidade entre crianças e adolescentes. O livro foi lançado numa época em que as HQs eram um dos gêneros de leitura mais consumidos nos EUA e até o governo pensou em proibi-los (naquele tempo, rolava uma preocupação imensa nos EUA de que os jovens estivessem sendo corrompidos por idéias comunistas). Para evitar isso, as editoras lançaram o Comics Code Authority – um código de autocensura que ainda existe e que seria um indicativo de que o material publicado não iria degenerar os jovens.


* Não incluímos livros mal interpretados, “tsá”?
Não incluímos nessa lista os livros que foram simplesmente mal interpretados. A Bíblia é um exemplo disso. O professor de filosofia da UNESP Jézio Gutierre acha que o caso com “O Capital”, de Karl Marx, também tem a ver com interpretações equivocadas. “Esse livro é um grito ético humanista e tem todas as características para ser um livro anti-atrocidade”, explica. Para ele, portanto, não se pode atribuir a essa obra os massacres que governantes socialistas promoveram.

** Fontes: Lincoln Ferreira Secco (USP), Jézio Hernani Bomfim Gutierre (UNESP), Márcio dos Santos Rodrigues ( UFMG), Adriana Romeiro (UFMG)


22.8.10

Pirataria não é roubo


Quebrando os direitos patrimoniais, distribuindo conhecimento com liberdade. Vide Tenso.


21.8.10

Space Patrol em São Lourenço MG 1974



Space Patrol foi a banda composta por Arnaldo Baptista (pós-Mutantes), Zé Brasil (da banda Apokalypsis) e Marcelo Aranha. Este vídeo filmado em Super 8 por Mário Luiz Thompson foi feito durante o Festival da Saúde Perfeita, em São Lourenço, MG - Julho de 1974. Trilha-sonora com músicas de Arnaldo Baptista e Zé Brasil. Upado pelo próprio Zé.

Despedida

Curta-metragem 'Despedida', de Eduardo Escorel. A última apresentação do instrumentista brasileiro Paulo Moura. Emocionante!

Entrevista com Eric Clapton em 1968




Em plena fase do quase-perfeito trio Cream, Eric Clapton concede esta entrevista em 1968, e responde algumas perguntas demonstrando sua técnica. Engraçado como a reportagem coloca um contraponto entre o então mito de que a guitarra seria uma 'máquina de barulho', com a qualidade técnica de Clapton. Não sei quem foram os autores do vídeo, pois quem upou no Youtube não nos trouxe a informação, mas posso arriscar pelo narrador que foi algum programa da BBC. Entretanto quem me trouxe este post foi mais uma vez Outran, da comunidade no orkut Rock Psicodélico.

15.8.10

Let it Bed Comentado por Arnaldo Baptista

Após dias à deriva, e diretamente do twitter de Arnaldo Baptista, viemos com um post onde Arnaldo comenta suas 'mais novas músicas' à época, do disco Let it Bed (2004), numa página desconhecida da Globo Online.

Seus dizeres são magníficos, e ficarão eternizados assim como o disco na nossa consciência coletiva do qual Arnaldo tanto nos trouxe. Clique aqui!


6.8.10

Ya no sé qué hacer conmigo



"Video Clip del tema: Ya no sé qué hacer conmigo
El Cuarteto de Nos / Raro
Milagrito Films 2007"

5.8.10

Até o Fim do Mundo

Estava eu agora mesmo, passeando pela comunidade 'Go to Mexico de Kombi' quando aparece um post onde Diovane nos manda uma notícia saída do Jornal Zero Hora (RS) de um italiano que está cruzando a América numa Kombi 1970 no sentido inverso, saindo dos Eua para cá, e depois mais ao sul. Link para a matéria no site do Zero Hora (somente para assinantes do jornal) aqui!

------------------------------------------------------------------------------

" 04 de agosto de 2010 | N° 16417
ATÉ O FIM DO MUNDO
Uma jornada de Kombi pela América
Veículo comprado de hippie virou casa para engenheiro italiano percorrer o continente

É impossível não se surpreender ao encontrar, numa rua de Porto Alegre, a velha Kombi 1970 com a placa da California/EUA 5TAT104. O estado do veículo revela que já rodou muito. Nos últimos 150 mil quilômetros quem esteve ao volante foi o engenheiro elétrico italiano, PhD em Rádio Comunicações, Fabrizio Talucci, 43 anos. No final de 2006, Fabrizio trabalhava no Vale do Silício, próximo de San Francisco, na Califórnia, em uma empresa que faliu.
Sem emprego e sem o green card que lhe permitiria permanecer nos EUA, ele resolveu dar uma guinada em sua vida. Comprou, de uma hippie, a camioneta que viabilizaria seu sonho de cair na estrada e conhecer profundamente a cultura e o povo do continente americano. Ele próprio preparou com dedicação o carro para a sonhada viagem.
Começou por uma limpeza, para eliminar o cheiro de “marijuana”, e depois adaptou o interior do veículo para ser sua morada nos anos seguintes. Cama, mesa, pia, um grande tanque para água potável e até um painel solar, que foi instalado na capota para produzir a energia que lhe desse alguma autonomia nas áreas desérticas que certamente enfrentaria na viagem. Um aparelho de GPS e duas pranchas (uma de surfe e outra de windsurfe) completavam a bagagem.

Em janeiro de 2007, começou a jornada que pretende terminar no final do ano. Depois de passar por México, Guatemala, Belize, El Salvador, Honduras, Nicarágua, Costa Rica, Panamá, Colômbia, Venezuela, Equador, Peru, Bolívia e Brasil, onde entrou por Corumbá e já visitou Brasília, Salvador, Recife, Rio, São Paulo e Porto Alegre, esse viajante solitário segue nesse final de semana para a etapa final: Uruguai, Argentina e Chile.

Até aqui já consumiu 20 pneus, pegou muita onda no Caribe, Pacífico e Atlântico, visitou sítios arqueológicos como Chichen Itzá, Machu Picchu e Kuelap, e foi, inevitavelmente roubado: “algumas poucas vezes pelas pessoas, e muitas vezes por policiais”.
Quando terminar o dinheiro, acumulado antes da aventura, terminará também a viagem. Aí então, um outro Fabrizio voltará para a Itália e começará seu trabalho novamente. "

Educação Alimentar "Fail"

AVISO: Vegetarianos que não suportam ver carne em geral não vejam este vídeo! - se passarem mal, foram avisados -

Incrivelmente nojento (mas de certa forma agradável por ter o apresentor botando a mão na "carne") e revelador, este vídeo que era uma aula de educação alimentar de Jamie Oliver, chef de cozinha britânico, mostra que mesmo uma ação incisiva - mostrar o suposto processo horrível que um nuggets teria - não consegue ainda abalar o esqueleto ideológico já criado nestas crianças (e em muitos adultos que assistirão). Por quem? Pais, amigos, mas principalmente a mídia. Que volta-se aos pequenos por serem mais fáceis de 'captar', portantos pais que lêem isso, deixem de preguiça e tirem seus filhos da televisão! E façam uma educação alimentar adequada a estes, balanceada e com todos os tipos de nutrientes. Todos agradecemos.





Ah sim, os devidos créditos. O vídeo em si não sei quem fez, mas vi no blog do Sedentario.org


Post Scriptum: há claro, o boato de que Jamie já tinha feito o mesmo programa em diversos locais da Europa e em todos teriam sido recusados os nuggets. O vídeo em questão teria sido uma ida do chef aos Estados Unidos. Vai saber. Mas que faz sentido, faz.

3.8.10

Inglês caminha há 836 dias pelo Rio Amazonas

Reportagem da Revista Galileu, publicada na sua página online. Convenhamos que a história é incrível e demonstra muita Vontade por parte deste ex-militar que decidiu fazer sua missão mais difícil: percorrer toda a extensão do Rio Amazonas. Ele está há mais de 800 dias, e não está perto de chegar. E pra terminar, se sobreviver até o fim de sua jornada, o nosso herói vai dar palestras motivacionais. Fora esse final brochante, a reportagem é muito boa. Eis:

-------------------------------------------------------------


Nem um pouco do glamour de Indiana Jones cerca o ex-militar de 34 anos Ed Stafford. Ele trocou sua vida na Inglaterra por um desafio nunca realizado: caminhar por toda a extensão do Rio Amazonas. Em vez de chicote e chapéu, o explorador carrega muitas mochilas, filmadora e um notebook. Em abril de 2008, partiu da nascente do rio em Canamã, no Peru, próximo ao Oceano Pacífico. E só vai terminar sua aventura na região brasileira onde o rio desemboca no Oceano Atlântico. Atualmente, está próximo do fim da jornada na cidade de Portel no Pará.

Keith Ducatel

A viagem pode não ter aventuras como nos filmes, mas está muito bem documentada com vídeos, fotos e até um blog mantido por Ed. Faltam menos de 400 Km para ele completar os 6.800 km de comprimento do Rio Amazonas. A viagem já custou cerca de 70 mil libras (mais de R$ 192 mil), e só foi possível graças a ajuda da família para levantar fundos e conseguir patrocinadores. De início, o britânico calculou que o percurso duraria um ano, até agora foram dois anos e três meses.

Keith Ducatel

Sua preocupação inicial eram as onças e cobras. Mas o ex-militar enfrentou outros perigos bem mais humanos. Considera que parte mais perigosa da viagem foi caminhar em terras dominadas por traficantes de drogas ainda na parte peruana da Amazônia. Além disso, os indígenas daquela região têm uma forte crença que há um estrangeiro branco que rapta crianças e rouba seus órgãos, e não foram muito receptivos com o explorador. Não se sabe se a crença tem algum fundamento. Talvez por isso, perto da cidade de Contamana, Ed foi detido pela polícia e considerado suspeito de um assassinato.

Keith Ducatel

Seu primeiro parceiro abandonou a expedição após três meses. Depois disso, o britânico passou a contar com a população local e com um novo guia, o peruano Gadiel “Cho” Sanchez Rivera, que segue até o final do percurso. Problemas que no início da viagem eram considerados menores, como mosquitos e formigas, tornaram-se maiores conforme o tempo passou. Ed disse em seu último post no blog que recentemente passou pela parte mais difícil da viagem. Cho e ele estavam cansados, começaram a se desentender e acabaram tomando uma rota mais demorada. “Nosso humor falhou neste ponto – estar perto do fim parece ter diminuído nossa tolerância.”

Keith Ducatel

Chegando ao fim da aventura, o “Indiana Jones conectado” pretende voltar para a casa e descansar – claro. Depois vai começar a dar palestras motivacionais que já são agendadas por sua relações públicas.


2.8.10

Sobre Amigos e Canções

Recomendadíssimo documentário sobre uma das bandas - Clube da Esquina - mais essenciais na discografia brasileira cuja efemeridade certamente não passou despercebida e ainda está imortalizada de certa forma na carreira do gênio Milton Nascimento e do também gênio Lô Borges. O resto foi copiado do Vimeo, 'Sobre Amigos e Canções', postado na página de uma das diretoras, Bel Mercês:


"Documentário que conta a história do movimento musical mineiro Clube da Esquina. Produzido como trabalho final do curso de Jornalismo da PUC-SP, o filme superou expectativas e foi exibido na TV Cultura e em diversos festivais e mostras. As diretoras entrevistaram e acompanharam, durante todo um ano, músicos como Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes, Wagner Tiso, Toninho Horta e outros.
Além das histórias contadas pelos protagonistas do movimento, o documentário é recheado com um material de pesquisa rico em imagens históricas.

Direção e Roteiro: Bel Mercês e Leticia Gimenez
Edição: Thais Cortez
Apoio: TV PUC / TV Cultura "

1.8.10

A História dos Cosméticos + A História da Água Engarrafada

Lembram-se daquele ótimo curta-metragem sobre o meio-ambiente chamado 'A História das Coisas'? Motivo de post aqui no Barco, como se pode ver no link. Então, descobri que a mesma equipe de produção criou outros dois vídeos independentes mas com o prefixo 'A História de..', com a mesma temática informativa reflexiva, e de fácil entendimento. Recomendadíssimo os dois, e um obrigado ao Guilherme Machado que postou a versão legendada dos dois em sua página do Vimeo.


Título original: The Story of Bottled Water
Título traduzido: A História da Água Engarrafada
Ano: 2010
Legenda: Português
Duração: 8:04mins
Escrito por Annie Leonard, Jonah Sachs, Louis Fox
Produzido por Free Range Studios
Dirigido por Louis Fox

Traduzido por Guilherme Machado, Michèle Sato e Patrícia Fish



Título original: The Story of Cosmetics
Título traduzido: A História dos Cosméticos
Ano: 2010
Legenda: Português
Duração: 8:17mins
Escrito por Annie Leonard, Jonah Sachs, Louis Fox
Produzido por Free Range Studios
Dirigido por Louis Fox

Tradução: Fernando Soares, Guilherme Machado e Patrícia Fish
Apoio: Michèle Sato