por João Callegaro
É a estética do teatro de revistas, das conversas de salão de barbeiro, das revistinhas pornográficas. É a linguagem do "Notícias Populares", do "Combate Democrático" e das revistinhas "especializadas" (leia-se Carlos Zéfiro). É Oswald de Andrade e Líbero Rípoli Filho; é "Santeiro do Mangue" e "Viúva, Porém Honesta": obras primas.
É cinema tipicamente brasileiro, portanto é o cinema cafajeste paulista, sem bairrismos, porém com uma visão lúcida da fauna paulistana.
Preparem-se cinéfilos frustrados, adoradores dos Cahiers e de Godard, pois o cinema cafajeste já é uma realidade. É o cinema de Rogério Sganzerla, o cinema de Roberto Santos (de "O Grande Momento" e o genial episódio de "As Cariocas"), de Mojica Marins; é o verdadeiro cinema paulista.
E o seu valor será contado em cifras, em borderôs, em semanas de exibição: em público. E os filmes serão geniais.
São Paulo - 1968
João Callegaro e Carmem Montero nas filmagens de ANA, episódio de AS LIBERTINAS. Carmem, que tinha sido aluna de Eugênio Kusnet e Adolfo Celi (teatro), Bassaro Vaccarini (artes plásticas), atuado no Oficina e com Antunes Filho, Augusto Boal e Alberto D´Aversa, entre outros, tornou-se militante da extrema esquerda em 1968, aderindo logo depois à luta armada. Em 1970, a polícia política invadiu os escritórios da Xanadú Produções (na verdade, o apartamento onde morava um dos sócios, Antonio Lima) e confiscou uma cópia de AS LIBERTINAS, na tentativa de identificar a ex-atriz. Lima, com muita esperteza, entregou apenas os dois episódios em que ela não aparecia. Infelizmente, nunca mais ouvimos falar de Carmem Montero.
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