27.2.08

Vogais - Arthur Rimbaud

Vogais

A negro, E branco, I vermelho, U verde, O azul; vogais
Direi algum dia de vossos nascimentos ocultos
A, negro espartilho peludo das moscas tumultos
Rondando fedores cruéis demais,

Golfos de sombra; E, candura de vapor e de tenda,
Lanças de geleiras altivas, reis brancos, tremos de umbelas
I, púrpuras, sangue cuspido, riso dos lábios belos
Na cólera ou na embriaguez oferenda;

U, ciclos, vibrações divinas do verde mar,
Paz dos pastos semeados de animais, paz das rugas
Que a alquimia imprime na fronte a estudar;

O supremo clarim pleno de estranhos agudos
Silêncios cruzados por anjos e mundos:
- Ô, o ômega, raio violeta de Seus Olhos!


Post Scriptum: Belo poema de Rimbaud - o maior poeta. Lembrei-me dele por causa da última postagem, sobre a cor do som. Continuando na sinestesia, o simbolista dá co-relação entre vogais e cores. Fantástico, assim como a Nebulosa do Anel, a M57 ao lado.