29.8.08

Chico Buarque - Construção



01. Deus lhe Pague
02. Cotidiano
03. Desalento
04. Construção
05. Cordão
06. Olha Maria
07. Samba de Orly
08. Valsinha
09. Minha História (Gesubambino)
10. Acalanto

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Sobre Francisco Buarque de Hollanda (1944)

(Rio de Janeiro RJ 1944). Autor e compositor. Escreve peças que marcam fases expressivas do teatro brasileiro, como Roda Viva, Gota d'Água, A Ópera do Malandro, e compõe músicas e trilhas de muitos espetáculos.

Surge no panorama teatral em 1965, quando ainda estuda arquitetura em São Paulo, assinando a antológica música de Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, na montagem do Teatro da Universidade Católica, TUCA. As canções, que viraram clássicos nacionais, contribuem para a intensa emoção do espetáculo, e trazem, através do sopro de poesia e inconformismo social das letras, e da áspera atmosfera das melodias, um acento novo para o acervo musical do teatro brasileiro. Chico Buarque volta a sacudir o ambiente teatral em 1968, com a sua estréia como dramaturgo: Roda Viva. A ingênua fábula sobre a fabricação de um ídolo dos meios de comunicação de massa desperta a atenção mais pelo fato de ele já ser um compositor de destaque na música popular do que por suas qualidades dramatúrgicas. Mas o que torna Roda Viva um espetáculo polêmico e histórico, é a direção de José Celso Martinez Corrêa, que usa a peça como pretexto para a construção de um espetáculo-manifesto chamado de teatro de agressão. Chico apóia a livre criação do diretor, que ofusca o texto pela invenção cênica. Mas o compositor e letrista cria para Roda Viva algumas canções primorosas, que permanecem na ponta da língua dos seus admiradores. Calabar, escrito com Ruy Guerra, é alvo de outro tipo de polêmica: pela ousadia da tentativa de reabilitar, ou pelo menos humanizar, uma figura que a história oficial optou por condenar como traidor, o texto é proibido pela Censura, surpreendendo a Companhia Othon Bastos, produtora do espetáculo, às vésperas da estréia, em 1973. Quando, em 1980, a montagem se torna afinal possível, a peça soa algo defasada do contexto da nova realidade do país. Mais uma vez, as canções escritas por Chico pairam por cima da polêmica despertada pelo texto. Gota d'Água, em parceria com Paulo Pontes, a partir de uma idéia de Oduvaldo Vianna Filho, encenação de Gianni Ratto, 1975, firma-o como dramaturgo, premiado com o Molière e o MEC/Troféu Mambembe. Dessa vez, não se trata de um musical, mas de um drama poético em versos, com algumas canções. Nessa modernização do tema de Medéia, de Eurípides, combinada com uma aguda visão crítica do processo de exploração de uma humilde comunidade popular por um "tubarão" da especulação imobiliária, Chico confirma os seus dons de poeta e sua sintonia com o lirismo da alma brasileira. A peça alcança enorme êxito, sendo apresentada pelo Brasil afora; é também montada na Cidade do México, em 1980. Ela integra hoje o grupo dos clássicos da dramaturgia brasileira. Em A Ópera do Malandro, 1978, inspirada na A Ópera dos Três Vinténs, de Bertolt Brecht, e com ação localizada nos meios cariocas da contravenção e malandragem dos anos 40, Chico volta à fórmula do musical. A peça, dirigida por Luis Antônio Martinez Corrêa, tem um volume de pesquisa histórica, um estilo literário e um enredo de alta qualidade; mas não consegue se dissociar da obra-prima de Brecht. Chico recebe novamente os Prêmios Molière e MEC/Troféu Mambembe. Mais uma vez, várias canções escritas para a peça levantam um vôo autônomo rumo à consagração. O acervo dramatúrgico de Chico inclui também o texto (além da música) de Geni, 1980, escrito em parceria com o diretor José Possi Neto sobre roteiro de Marilena Ansaldi, sob encomenda para um solo da atriz. Ele compõe também canções e/ou escreve letras para várias obras de outros autores, merecendo destaque as suas músicas para As Mulheres de Atenas, 1977; e Murro em Ponta de Faca, 1978, ambas com direção de Paulo José, e suas letras para O Corsário do Rei, 1985, todos textos de Augusto Boal, e ainda para Os Inimigos, de Máximo Gorki, em 1966; bem como as letras (com Dias Gomes) e músicas (com Francis Hime) de O Rei de Ramos, 1979, de Dias Gomes, encenação de Flávio Rangel, bem como as de Suburbano Coração, 1989, texto e direção de Naum Alves de Souza.

Chico Buarque tem também uma obra para crianças, Os Saltimbancos, montada em 1977, com direção de Antônio Pedro. Na adaptação do texto original de Luiz Enriquez e Sérgio Bardotti, ele, mais do que criar músicas, reforça o cunho político, fazendo dos animais a metáfora dos operários que escapam do sistema assalariado para fundar uma comunidade. Anos mais tarde, na versão para o cinema estrelada por Renato Aragão - Os Saltimbancos Trapalhões - Chico aproveita para abordar a situação do artista circense e do artista de rua.

Em sua Pequena Enciclopédia do Teatro Brasileiro, Yan Michalski avalia a contribuição de Chico Buarque para a cena nacional: "É difícil dissociar a trajetória de Chico Buarque como dramaturgo e compositor especificamente teatral do seu perfil mais amplo como músico, poeta e personalidade pública visceralmente engajada nas lutas por uma sociedade melhor. Por indiscutível que seja a posição de Gota d'Água na moderna dramaturgia brasileira, por interessantes e poeticamente densas que sejam as suas músicas originalmente escritas para servir de suporte a obras cênicas, a importância maior da contribuição teatral de Chico reside na sua intrínseca coerência com a contribuição global que essa singular personalidade vem trazendo, através da sua excepcional sensibilidade poética, ética e ideológica, para a vida cultural do país".1*

Notas

1*. MICHALSKI, Yan. Chico Buarque. In: ______. Pequena enciclopédia do teatro brasileiro contemporâneo. Rio de Janeiro, 1989. Material inédito, elaborado em projeto para o CNPq.

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