9.3.09

Entrevista BBC com Che Guevara

Entrevista feita por um repórter da BBC com Ernesto Guevara de la Serna, nosso querido Che.


1963, Havana, Cuba




Repórter da BBC: Sr. Ernesto, a revolução cubana é vitoriosa? A crise dos mísseis e a invasão da Baía dos Porcos fortaleceu o regime? O povo americano deve temê-los?


Che: Nada tenho contro o povo norte-americano, há uma informação descontínua quanto ao povo cubano. A invasão fracassada e a crise dos mísseis diz respeito ao mundo, não apenas aos latino-americanos. Não luto por Cuba, apenas; luto por você, por tua mãe e por teus filhos.



Repórter da BBC: Sr. Ernesto, o senhor pode afirmar que o socialismo é o único caminho para uma América Latina livre e soberana?



Che: Não afirmo nada e nada sei. Vejo apenas o sangue derramado de milhares de cidadãos esmagados por um sistema que nada lhes diz, e nada lhes dá. O povo deve temer seu governo, ou o governo deve temer seu povo?



Repórter da BBC: Há solução fora da luta armada? O sr. imagina algum modo de conciliação com o capital do primeiro mundo?



Che: a única conciliação possível é aquela em que nossas armas estão no chão - e as armas do Capital em nossas cabeças. Negociar com o senhor dos escravos torna mais digna a escravidão?



Repórter da BBC: Alguma mensagem em especial? Quais as suas metas como burocrata do governo cubano? As suas armas estão no chão?

Che: Nunca deitei as minhas armas. Não sou um burocrata e não penso em rendição. Burocracia é rendição. A revolução é permanente. Enquanto houver uma criança faminta, um pai de família sedento, um povo expropriado e um caudilho de calças curtas... Não morrerei atrás de uma mesa com pilhas de papéis. Penso na selva, na luta, nas trilhas. Morro com o dedo no gatilho. Idéias são mais fortes que governos.



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